quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Conto XV
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Evolução.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Teoria sobre a Corrupção no Brasil
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Cliente Interno
“Que país é esse?”
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
O Brasil da Copa
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Conto XIV
Uma neblina intensa cobria a cidade. Ninguém em sã consciência deveria andar por aquelas ruas. Havia boatos de que um maníaco atacava as pessoas com uma navalha. Entretanto o dever me chamava. Trabalhava como garçom numa casa noturna e não tinha muita escolha.
Naquela noite passei por uma experiência incrível e perigosa. Estava servindo às mesas quando um homem muito estranho entrou no bar. Ele era muito alto. Deveria ter quase dois metros. Vestia-se de preto. Fui servi-lo.
— Pois não, senhor! Em que posso... — Traga-me um conhaque — interrompeu-me bruscamente.
— É claro, só um instante. — respondi.
Fui pegar sua bebida, mas não antes de perceber uma tatuagem em sua mão direita. Era uma caveira com flores ao redor. Aquilo me deu calafrios. O bar estava cheio, contudo aquela figura chamava a atenção. Ele não demorou muito. Saiu logo após tomar seu terceiro drinque. Foi aí que cometi meu grande erro do dia. Resolvi segui-lo.
— Aonde você pensa que vai? — perguntou o meu colega. — Agüenta as pontas aí, eu já volto!
Imaginei, naquele individuo, a figura do tal maníaco que haviam falado. Fui atrás dele. Ficava numa distância de, mais ou menos, vinte metros para que não percebesse que o estava seguindo. Suas passadas eram largas e tive que correr em alguns momentos. Enfim, ele parou. Estávamos numa rua praticamente vazia. Fiquei escondido numa das esquinas. Apenas ele, eu e um par de gatos pretos insistíamos em permanecer ali. O silencio reinava. Ele parecia estar esperando alguém. O tempo passava e o meu medo era ainda maior, porém continuava vigilante e determinado a elucidar aquele mistério. Vinte minutos se passaram. Eu já estava desistindo, pois tinha que voltar ao trabalho. Até que uma mulher aparece caminhando em direção àquele senhor sinistro. Não sabia o que fazer. Tentei avisá-la do perigo que ela correria se desse mais alguns passos, quando meu telefone celular tocou. Era meu colega garçom. Atendi rapidamente, torcendo para que o “malfeitor” também não tivesse ouvido.
— Cadê você? O patrão ta louco da vida contigo! — Não posso falar agora. Tchau!
Tarde demais. O “maníaco” estava na minha frente. Não sabia se eu corria, rezava ou até mesmo se chorava. Minhas pernas tremiam. O coração quase sai pela boca.
— Você é o cara do bar! Por acaso estava me seguindo? — Eu... Eu... Não! Não!
Quando pensei que seria retalhado e jogado aos cães, ouvi uma linda voz perguntando:
— Algum problema papai?
Fiquei surpreso.
— Papai? — perguntei.
— Sim! Essa é minha filha e aquela é a minha casa. Eu aguardo a minha Suzana chegar da faculdade aqui todos os dias. Essa rua é muito deserta e com esses boatos de maníaco solto por aí...
— Por favor, me desculpe! Eu e minha imaginação fértil. Deixei-me levar pelas aparências e achei que o senhor poderia ser esse louco.
— Suma daqui! — disse-me.
Estava indo embora quando percebi que aquele homem deixara cair algum objeto. Fui pegá-lo. Poderia diminuir meu constrangimento devolvendo-lhe algo que havia perdido, pensei. Só fui saber de que artefato se tratava quando o peguei nas mãos. Uma navalha!
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Conto XIII
Acordo! Faço minha higiene pessoal, tomo café e troco de roupa para ir trabalhar. Ao ligar o carro observo que o combustível está na reserva. Que chato! Terei que desembolsar alguns trocados com gasolina.
No caminho tenho que desviar de buracos na pista. O sinal vermelho de um semáforo faz com que eu pare. Nem todo mundo age da mesma maneira. Muitos invadem. Que povo mal educado!
— Filho da p... — esbravejou, revoltado, um motorista que fora fechado por um outro veículo.
Meu mundo fica verde e volto a seguir a minha jornada. É cedo e a cidade ainda não despertou por completo. Vejo moradores de rua dormindo em calçadas tendo como colchões pedaços de papelão. Vida ingrata! Enfim, chego ao trabalho.
— Bom dia! — Bom dia seu Carlos! Como vai? — indaga-me o vigia da empresa.
— Muito bem, obrigado!
Abro a sala do escritório e visualizo minha poltrona. Ela é grande, preta, bem acolchoada. Confortável. Porque será que reparei na minha poltrona? Hora de trabalhar. Ligo o computador. Ler minhas mensagens é a minha primeira tarefa do dia. Mas eu não disse que era hora de trabalhar? Nada disso. Inicialmente verifico os “e-mails” e leio os jornais. È assim todos os dias.
Depois de muita correria, discussões, erros e acertos, é hora do almoço. Nem sempre consigo ir almoçar em casa. Hoje é um desses dias. Comerei uma pizza na pastelaria da esquina. Se não fosse pelo trabalho tomaria uma taça de vinho. Peço uma pizza pequena de mussarela, minha preferida. A garçonete me diz que talvez demore um pouco, pois há muitos pedidos. Disse isso com um belo sorriso. Fiquei encantado por ela. Nunca a tinha visto trabalhando ali. Tinha um belo corpo, cabelos compridos. Loiros.
— Já estou trazendo sua pizza! Não quer beber nada? — perguntou-me a linda garçonete.
Fiz um gesto com a cabeça demonstrando que não iria beber nada e agradeci. Os minutos se passavam e nada de pizza. Comecei a ficar incomodado. Irritado. Nem aquele sorriso que tanto admirei fez com que eu me acalmasse. Detesto esperar. Enfim, quinze minutos depois chega a minha vez. Ela chegou. Refiro-me à pizza. Tinha apenas trinta minutos para devorá-la.
— Queimada! — gritei, após experimentar o primeiro pedaço — a minha pizza está queimada!
— Desculpe-me senhor eu trarei outra. — disse-me a garçonete, constrangida.
— Pra esperar mais quanto tempo? Esquece! Perdi o apetite.
Saí da pastelaria com fome e indignado.
— Como foi o almoço? — perguntou-me o vigia da empresa
Fiz uma cara feia e nada respondi. Fiquei emburrado o resto do dia. Qualquer coisa me tirava do sério. Seis horas da tarde. Liberdade! Volto pra casa. Era dia de academia, mas só penso em compensar minha dieta forçada do almoço preparando uma bela macarronada e tomando todo o vinho que tiver vontade. Ouço um barulho. O carro insiste em ir para o lado direito. Estaciono e vou verificar o que aconteceu. Pneu furado. Imaginei o que mais de ruim poderia acontecer.
— Onde está o estepe? — gritei desesperado - Roubaram meu pneu!
Cai na gargalhada. Tive uma crise de riso que parecia não ter fim. Eu ria da minha própria desgraça. Depois de resolvido o problema, chego a minha casa, exausto. Deixo a ideia de macarronada de lado e me contento com um pedaço de bolo e um copo de suco que estava na geladeira. Procuro um filme na televisão. Pego no sono.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Conto XII
Fio de Esperança
– “O Sertanejo é antes de tudo um forte!”. Quem foi que disse isso mermo?
– Eu sei lá quem disse isso homi, ta variando?
– Eu tô falando sério! Um poeta disse isso, só não lembro o nome do danado.
– E porque ele disse isso, José?
– Sei lá, ele deve de ter procurado passarinho pra caçar e pra não voltar de mãos vazias apareceu com um calango do mato ou pode ter visto a criação morrer de fome e de sede no quintal de casa. De repente ele já chorou depois de ouvir os filhos pedindo por comida, quem sabe? O que eu sei é que a gente nasce, vive e morre lutando. Lutando por um cadim de comida, uma cama macia, um cobertor pra fugir do frio, um teto pra proteger nóis da chuva e do sol.
– É isso mermo! – concordou Maria.
José, Maria e seus dois filhos estavam alojados na quadra de esportes de um colégio, pois sua casa havia sido destruída pelas águas do açude que, depois de ter quebrado a represa devido às fortes chuvas, invadiram o pequeno povoado onde dezenas de famílias foram atingidas. A situação era crítica e os desabrigados tinham que contar com a solidariedade de outras pessoas.
– Aposto que esse poeta num sabe o que é perder sua casa e sua plantação! – resmungou Maria.
– Maria, eu acho que ele quis dizer é que pra tudo tem um jeito, e se não tem, o sertanejo arruma. Quantas vezes a gente passou fome? Lembra daquela vez que a gente deu farinha com açúcar pras crianças por três dias seguidos? A gente continua vivo, num continua?
– Eu num entendo José, a gente passa um aperto daqueles pra plantar arguma coisa e a chuva num vem, até rezar nóis reza e nada. Agora, vem esse mundo de água e derruba nossa casa e estraga nossa plantação. Isso é justo?
– As coisa de Deus nós num discute mulé, pode até lamentar, mas num discute!
– Pai, mãe eu tô com fome! – disse o filho mais novo ao acordar
José e Maria se olharam, procuraram a sua volta e nada tinham a oferecer à criança.
– Dorme meu filho, dorme! – disse José, desconsolado.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Conto XI
Inesquecível
Lembro-me do meu último presente de criança que meu pai me deu no natal de 1980. Era um domingo e logo cedo todos se preparavam para ir à igreja. Nesse dia eu havia dormido na sala, pois tínhamos visitas. Meu tio Carlos e meus primos vieram festejar conosco a data natalina. Tio Carlinhos, como eu o chamava, era um homem alto, cabelos grisalhos, um bigode enorme que lhe cobria a boca. Ele era engraçado! Seus filhos eram duas pestes! Juan tinha mania de chutar canelas e puxar nossos cabelos. Aos doze anos ainda não sabia escrever direito e vivia de castigo. O filho mais velho de meu tio era o Joaquim que tinha, se me lembro bem, uns quinze anos. Achava-se o tal! Vaidoso, demorava duas horas no banheiro para tomar banho. Não nos dávamos muito bem, pois como ele era mais velho que eu gostava de me dar cascudos sem motivo algum. Ele só não era páreo para meu amigo Nestor.
A amizade entre Nestor e eu era fora do comum! Fomos criados juntos desde os dois anos de idade e nossas mães eram comadres. Pelo menos se tratavam assim. Era comadre pra lá, comadre pra cá!
Eu já ia esquecendo, tava falando do brinquedo que meu pai me dera. Era um carro de plástico. Um carro desses de corrida, eu não sei qual era a marca. Se não fosse pelo tamanho todo mundo diria que era de verdade. Fiquei apaixonado logo de cara e agradeci ao meu pai pulando e agarrando-me em seu pescoço. Estava muito feliz!
– Obrigado meu pai! Obrigado!
– Não foi nada meu filho, que bom que você gostou!
Depois de agradecer ao “meu velho” fui ao encontro de Nestor para lhe mostrar o lindo presente que havia ganhado. Nem me lembrei de meus primos. Nestor e eu tínhamos a mesma idade e gostos bem parecidos. Não sei quem foi influenciado por quem. A diferença entre nós era apenas no tamanho. Nestor era um “monstrinho”! Desenvolveu-se muito rápido e aos doze anos já tinha a mesma altura que seu pai, que não era pequeno.
– Nestor, olha o que eu ganhei! Olha só, olha! – gritei quase sem fôlego.
– Calma cara!
– Veja isso! Não é uma beleza? – perguntei-lhe
Nestor sorriu e me pediu para dar uma volta com meu carro. Apesar de eu mesmo ainda não ter colocado meu carrinho no chão era o meu melhor amigo quem tava pedindo. Não vacilei.
– Claro cara! Pega um barbante e vamos amarrar aqui na frente!
Apesar do tamanho Nestor era um moleque que gostava de brincar como qualquer outro. Ao sair de sua casa com um barbante na mão vi a dimensão de sua alegria. Parecia ainda mais alegre que eu. Estávamos amarrando o carro para que pudéssemos puxá-lo quando minha mãe me gritou:
– Filho, o que você está fazendo?
– Estou brincando com o Nestor, estamos inaugurando meu carro novo!
– Está bem, mas não demore pro almoço!
Amarramos o barbante e Nestor saiu a toda velocidade com meu possante. Tudo ia bem até que fiquei com vontade de aproveitar o meu brinquedo.
– Nestor, agora é minha vez!
– Agora não! – respondeu ele.
– Como não? O carro é meu, ta?
Ao ouvir essa minha frase, Nestor parou repentinamente e com um olhar frio devolveu-me o carro sem dizer uma só palavra indo embora para sua casa.
– Ele exagerou, ele exagerou! – repeti comigo mesmo.
Diante do que havia acontecido voltei para a minha casa e fui tomar banho para o almoço. Minha mãe estava na cozinha, de tão agoniada nem me viu passar. Deixei meu brinquedo na varanda, tomei meu banho, troquei de roupa e fui à sala. Meu pai e meu tio assistiam ao futebol. Não sabia onde estavam meus primos. Logo após o almoço fui para meu quarto fazer a lição de casa, alguns exercícios que a minha professora tinha passado. Logo anoiteceu.
De tão cansado acabei adormecendo, só despertando pela manha e depois de um terrível pesadelo. Sonhei estar circulando com meu carrinho pelas ruas da cidade até que um garoto de outra rua tomava meu brinquedo das minhas mãos e saia cantarolando:
– Tomei o brinquedo de um otário! Tomei o brinquedo de um otário!
Foi horrível! Levantei que nem um louco e fui olhar se minha maravilha de quatro rodas ainda estava onde eu havia deixado.
– Ué! Cadê meu carro? – gritei.
Corri de um lado pro outro procurando, olhei embaixo dos móveis, no quintal e nada. Estava trêmulo, nervoso e comecei a chorar. Num instante veio em minha mente o dia anterior. Lembrei do quanto Nestor havia ficado chateado comigo. Pensamentos ruins vieram à minha cabeça.
– Será que foi o Nestor? – pensei em voz alta.
Nunca imaginei desconfiar do meu melhor amigo, mas isso martelava na minha mente. Não conseguia pensar em outra coisa, então resolvi procurá-lo.
– E aí cara, onde ta meu carro?
– Porque ta me perguntando? Depois de me humilhar, agora ta me chamando de ladrão?
Nestor se aproximou de mim e com uma força absurda acertou o meu queixo com um soco. Parecia que um cavalo havia me dado um coice. Voltei pra minha casa com a certeza de ter perdido meu melhor amigo. Assim que cheguei encontrei meu pai que foi me perguntando:
– Que cara é essa, meu filho?
– Meu carro sumiu! – respondi
– Não sumiu, não! – disse meu pai – seu tio foi embora hoje cedo muito envergonhado depois de devolver o seu brinquedo que Juan escondeu em uma das malas.
– Que droga! – retruquei
– Não gostou de ter seu brinquedo de volta?
– Não é isso, é que eu desconfiei do Nestor. Ele nunca vai me perdoar.
No outro dia, todo encabulado, fui à casa do Nestor, contei tudo que havia acontecido e lhe pedi desculpas. Ele me ouviu atentamente, olhou-me fixamente e veio em minha direção. Fechei os olhos esperando outro soco. Nem pensei em correr, eu tava merecendo. Em vez de um nocaute ganhei um grande abraço.
– Deixa de besteira meu amigo! – disse-me Nestor – vamos brincar!
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