quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Moinhos de Vento

Era uma vez uma comunidade que para ter energia nas suas casas resolveu construir certa quantidade de moinhos de vento. Mas não eram moinhos comuns, eles tinham vida.

 Para que a energia fosse bem captada os moinhos deveriam girar suas hélices sempre no mesmo sentido, velocidade e espaço de tempo. Caso contrário poderia haver apagões ou até mesmo queima de eletrodomésticos.

Durante algum tempo o número de moinhos era suficiente, mas devido ao crescimento da comunidade e a idade avançada de alguns deles outros tantos tiveram que ser construídos. A empolgação dos novatos era grande. Tinham muita vitalidade, giravam incessantemente suas hélices em busca de uma energia eficiente. Os mais velhos eram muito experientes, mas os jovens trouxeram um novo ânimo e novas idéias. Todos imbuídos pelo bem comum e com uma visão no sentido do trabalho coletivo de qualidade, respeito aos colegas, ética e honestidade nos seus atos e fazendo de tudo para melhor servir àquela comunidade. No entanto, tudo isso demorou pouco.

Logo no início não havia moinhos transitórios. Todos que lá existiam eram fixados nas terras verdes onde aquele grupo de pessoas vivia. È bem verdade que na geração antiga já havia moinhos que não funcionavam muito bem. Eram preguiçosos, incompetentes. Suas hélices quando não estavam paradas giravam muito lentamente e às vezes em sentido contrário o que era muito ruim para o bom desempenho dos trabalhos.

Com a chegada dos provisórios ficou ainda pior. Eram moinhos sem o menor comprometimento. Não ligavam se haveria energia suficiente para iluminar as residências. Entretanto o pior não demorou a acontecer. Muitos daqueles moinhos, que eram denominados de novatos, se deixaram contaminar pela banda podre dos mais antigos e pelos espertalhões que ali não eram fixados. Passaram a girar suas hélices de forma cadenciada, mesmo estando localizados onde os ventos sopram com mais força, tentando passar a responsabilidade para os outros que já faziam sua parte e ainda captavam a mesma energia de quando foram erguidos.

Os líderes da comunidade eram informados da situação, mas não davam a devida manutenção nos moinhos defeituosos. Os moinhos que se sentiam prejudicados gritavam, esperneavam, mas aqueles que estavam com defeito fizeram um pacto e com um discurso muito persuasivo convenciam os líderes que a velocidade das suas hélices estava na medida certa e que uma queda de energia ou outra era perfeitamente normal.

A Comunidade vai sobrevivendo na iminência de um colapso de energia, pois os moinhos mais inquietos com a situação são ignorados quando afirmam que algum parafuso tem que ser apertado ou quando denunciam que há alguma parte enferrujada impedindo o bom funcionamento de algum moinho mais descuidado.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Blog do Gilvan Torquato: Conto IV

Blog do Gilvan Torquato: Conto IV: "Trapalhadas de Um Pato! Uma fazenda no norte do Piauí era repleta de animais. Tinha galos, galinhas, perus, coelhos, patos e um lindo pav..."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Blog do Gilvan Torquato: Conto XV

Blog do Gilvan Torquato: Conto XV: "O Lobo Dono de um pelo preto e cinza, olhos claros e reluzentes à noite, dentes afiados e garras poderosas o lobo da montanha era temido p..."

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Conto XV

O Lobo



Dono de um pelo preto e cinza, olhos claros e reluzentes à noite, dentes afiados e garras poderosas o lobo da montanha era temido por todos e considerado um animal muito malvado.

Chateado com as acusações de ser cruel e de ter comido a vovó da Chapeuzinho Vermelho o lobo resolveu desabafar:

— Não agüento mais isso! Todos me culpam sem saber da verdade.

— Que verdade seu lobo? — perguntou o leão que estava deitado se espreguiçando.

— O verdadeiro vilão da história não sou eu.

— Como assim, e quem seria?

— A Chapeuzinho! Ela é que é a vilã.

O leão não acreditava no que dizia o lobo. Espantado, perguntou:

— Quer dizer que você corre atrás da menina, come a vovozinha e ainda diz que a vilã de tudo é a Chapeuzinho?

— É ela, sim! — afirmou o lobo aos prantos — aquela desalmada sempre me atormentou.

— O que está dizendo seu lobo? — retruca o leão — como pode acusar uma menina tão doce de atormentá-lo?

Ao ouvir o elogio do leão à garotinha o lobo se desmancha ainda mais em lágrimas, não consegue se conter e acaba chamando a atenção dos demais habitantes da floresta e uma aglomeração forma-se ao seu redor.

— Queridos amigos vou lhes contar quem é a verdadeira Chapeuzinho.  Vocês irão ficar sabendo e me darão razão em relação à revolta que eu venho sentindo.

Todos permaneceram calados, aguardando o pronunciamento do lobo que mais parecia uma ovelha chorona.

— Eu sempre andei próximo à casa da vovó, ela criava galinhas suculentas e eu, esfomeado, só queria fazer uma boquinha. Mas nunca, nunca tentei pegar uma galinha sequer. Apesar disso a Chapeuzinho vivia jogando pedra em mim, me chamava de narigudo e de orelhudo. Não fiz nada àquela pirralha e era tratado como um cão sarnento. Depois de sofrer muita humilhação resolvi me vingar e fui até a casa da vovó e a tranquei no armário. Vesti as suas roupas e esperei aquela pestinha. Só queria dar um susto.

— E aí? — perguntou o leopardo que chegara naquele minuto.

— Cala a boca leo, deixa o lobo terminar — disse o leão com cara de poucos amigos.

— Ta bom! — retrucou o leopardo — pode continuar, não ta mais aqui quem falou. Eu,
hein!

— Tudo bem! — retomou o lobo — Como eu ia dizendo eu só queria assustá-la. Não faria mal nem a ela e muito menos a vovozinha. Ao contrario de mim, aquela chata e mal criada sabendo que era eu quem estava na cama vestida com as roupas de sua vovó e, fingindo não saber, pegou uma frigideira bem pesada e bateu no meu nariz dizendo: “que nariz grande vovó! Pra que serve?” Depois de ver estrelas de tanta dor eu respondi que era para cheirá-la melhor. Não satisfeita a filha da mãe puxou minhas orelhas e perguntou: “porque orelhas tão grandes, vovó?”. Com o puxão eu acabei caindo da cama e fraturando uma perna. Não agüentei mais e resolvi mostrar quem eu era. Fiz cara de mau e deixei meus dentes à mostra.

— E aí seu lobo, o que aconteceu? — perguntou o leão.

O lobo não disse nada, apenas mostrou sua boca com três dentes a menos.

 Já morrendo de pena do lobo o leão pergunta-lhe:

— Ô seu lobo onde entra o caçador nessa história?

— Boa pergunta seu leão! — disse o lobo — não teve caçador nenhum. A vovó conseguiu sair do armário com uma espingarda e encheu meu rabinho de chumbo.

— Você acha que a gente vai acreditar nisso tudo? — perguntou o leão.

— E tem mais — disse o lobo — espere ate eu contar o que aconteceu, na verdade, com os três porquinhos. Aqueles insensíveis!

















terça-feira, 28 de setembro de 2010

Evolução.

O Homem é um ser em constante evolução, correto? Há controvérsias! Se levarmos em consideração que morávamos em cavernas, que usávamos tambores ou mesmo fumaça para envio de mensagens, evoluiu e muito. Hoje temos telefones fixos e móveis, GPS. A internet talvez seja o maior exemplo de como a informação tornou-se mais rápida e acessível.

Tivemos progresso, também, com relação à medicina com a erradicação de muitas doenças e o aumento da nossa expectativa de vida.

É indiscutível que progredimos em muitas áreas e que há muito que avançar, entretanto existem muitos aspectos negativos na trajetória da humanidade.

O que chamamos de progresso traz consigo um preço: o lixo tecnológico. Inventamos equipamentos maravilhosos que facilitam a nossa vida e nos traz prazer e conforto, mas geralmente são usados elementos tóxicos em sua composição. Esses resíduos poluem a terra, o ar e as águas. Por mais contraditório que possa parecer o progresso pelo qual passa a humanidade pode ser a causa do seu extermínio. Daí a pergunta: será mesmo que estamos evoluindo?

Outro aspecto que podemos analisar são os valores morais e éticos que se perdem pelo caminho da chamada evolução. O ter em detrimento do ser. A sede de poder cega e, com isso, sobressai-se o egoísmo, a ganância e a desonestidade.

E mais uma vez eu pergunto: estamos evoluindo?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Teoria sobre a Corrupção no Brasil

Disseram-me, certo dia, que poderíamos dividir a população brasileira em três classes distintas: cinco por cento das pessoas seriam incorruptíveis; vinte e cinco por cento seriam formados por indivíduos corruptos de carteirinha e os setenta e cinco por cento restantes dançariam conforme a música. Ou seja, não seriam, necessariamente, corruptas. No entanto seriam mais suscetíveis a sofrer desvios de conduta seja para atingir interesses pessoais ou mesmo por não saber dizer não a pressões nos seus ambientes de trabalho. Não temos como saber se esses percentuais estão corretos, mas creio que as considerações são bastante plausíveis. A teoria ora descrita faz um desenho ruim da nossa sociedade. Concentrando-se apenas naqueles setenta e cinco por cento dá pra imaginar alguns fatores que poderiam ter levado o autor a chegar a essas conclusões. A falta de conscientização da população; os maus exemplos de políticos inescrupulosos; a impunidade; a ineficiência dos órgãos fiscalizadores são elementos que proporcionam maior vulnerabilidade. Esses “incentivos” transformam cidadãos, antes considerados de boa índole, em corruptores ou alvos fáceis para que sejam corrompidos. Em se tratando de corrupção, geralmente faz-se uma relação imediata com benefícios financeiros, porém um indivíduo pode ser corrompido pelo sistema ou pelo seu “diabinho” interior no que diz respeito aos seus procedimentos tanto na sua vida pessoal assim como no seu espaço profissional. Nas administrações do setor público não é difícil de encontrar pessoas que antes tinham comportamentos morais e éticos dignos de admiração, mas que os deixaram diluir com o passar do tempo. Entraram no rol dos funcionários públicos que de alguma maneira contribuem para a falência das instituições e sua conseqüente falta de credibilidade. Vale salientar que ninguém é perfeito e mesmo aqueles que seriam considerados incapazes de se corromper podem cometer erros, porém seriam erros involuntários.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cliente Interno

Quando uma empresa pública ou privada fala em agradar ao cliente, em tê-lo como um bem precioso que necessita de atenção especial leva-se em consideração, apenas, o cliente externo, aquele que adquire os produtos e/ou serviços. Têm toda razão em criar mecanismos para melhor atender às necessidades e anseios daquele que é a razão de ser de suas existências. Porém, pouco se discute a questão do cliente interno. Quem seria? Quem é esta figura da qual pouco se fala? È aquele que depende do trabalho de outrem para que o seu seja efetuado com eficiência e eficácia. Uma equipe é formada por componentes aonde as atribuições de cada um devem formar um todo. Antes de se tomar qualquer atitude todo e qualquer funcionário deve analisar de que forma essa medida poderia afetar os afazeres de seu colega, seu cliente interno. No setor público, em particular, esse procedimento não é tido como importante por alguns servidores. Aproveitam-se da permissividade dos gestores ao estabelecer horários próprios de permanência nas repartições, impedindo assim, o fluxo normal dos serviços que deveriam ser executados. Em qualquer ambiente em que não haja comprometimento e diálogo problemas como esses podem surgir. Cabe aos dirigentes ficarem alertas e tomarem as devidas providências com rapidez, antes que tal procedimento contamine todo o funcionalismo.

“Que país é esse?”

Pessoas que criticam — com toda razão — políticos que não administram bem o Erário público quando se vêem em situações semelhantes agem da mesma forma; policiais são taxados como corruptos, mas muitos indivíduos que assim os classificam não vacilam em oferecer propinas para que seus veículos não sejam fiscalizados com rigor; muitos servidores públicos, de setores estratégicos, só agilizam processos se lhes “molham” a mão, ou seja, cobram certos valores extras aos requerentes para dar continuidade aos trabalhos pelos quais já são pagos; quem procura atendimento em hospitais públicos, por vezes, só conseguem se antes passarem por um político que alimenta um mercado de troca de favores; adolescentes infratores roubam, matam e quando lhes é perguntado o porquê de agirem dessa maneira, respondem: “pra menor, não dá nada, três anos passa rápido”; adultos roubam, matam, mas se puderem pagar um bom advogado não se consegue colocá-los na cadeia devido às brechas no sistema penal brasileiro; quando um juiz comete algo ilícito tem como punição a aposentadoria compulsória; bancos acumulam lucros astronômicos tarifando tudo que lhes convier e quiser. Todas essas situações retratam um país falido moral, ética e socialmente. O Brasil tem tudo para se tornar uma grande nação, próspera e mais igualitária, porém há de se investir maciçamente em educação. Fala-se em fortalecer as instituições, contudo esquecem que são os homens quem as criam e administram.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Brasil da Copa

Li na internet (http://colunistas.ig.com.br/guilhermebarros/2010/08/27/odebrecht-tera-financiamento-do-bndes-e-isencao-fiscal-na-construcao-do-estadio-do-corinthians/ ) que Lula, ele mesmo, o nosso presidente teria sido o principal articulador do projeto de construção do estádio do Corinthians pela empresa Odebrecht para que o mesmo seja sede da Copa de 2014, inclusive com a possibilidade de promover o jogo de abertura. Até que ponto isso poderia ser considerado normal? A construtora utilizaria financiamento do BNDES, ou seja, dinheiro público.
Apesar de não parecer ilegal, há, no entanto, uma impressão de cartas marcadas. O gestor do “Timão” foi o Chefe da delegação da Confederação Brasileira de Futebol - CBF que participou da Copa do Mundo na África do Sul e a candidatura do Estádio do Morumbi, pertencente ao time do São Paulo, já havia sido impugnada pelo Comitê da Copa que tem como membro, o presidente da CBF, o senhor Ricardo Teixeira.
Para piorar as coisas o Lula parece utilizar-se do prestígio presidencial para ajudar o seu time do coração.
A Copa do Mundo no Brasil, por si só, já traz uma desconfiança de que possa ocorrer tráfico de influência, corrupção e que muito dinheiro público poderá encher os bolsos de muita gente, de maneira ilegal, e fatos como os citados acima só reafirmam que o receio é legítimo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conto XIV

Noite Sombria 


Uma neblina intensa cobria a cidade. Ninguém em sã consciência deveria andar por aquelas ruas. Havia boatos de que um maníaco atacava as pessoas com uma navalha. Entretanto o dever me chamava. Trabalhava como garçom numa casa noturna e não tinha muita escolha.


Naquela noite passei por uma experiência incrível e perigosa. Estava servindo às mesas quando um homem muito estranho entrou no bar. Ele era muito alto. Deveria ter quase dois metros. Vestia-se de preto. Fui servi-lo. 


— Pois não, senhor! Em que posso... — Traga-me um conhaque — interrompeu-me bruscamente. 


— É claro, só um instante. — respondi. 


Fui pegar sua bebida, mas não antes de perceber uma tatuagem em sua mão direita. Era uma caveira com flores ao redor. Aquilo me deu calafrios. O bar estava cheio, contudo aquela figura chamava a atenção. Ele não demorou muito. Saiu logo após tomar seu terceiro drinque. Foi aí que cometi meu grande erro do dia. Resolvi segui-lo. 


— Aonde você pensa que vai? — perguntou o meu colega. — Agüenta as pontas aí, eu já volto! 


Imaginei, naquele individuo, a figura do tal maníaco que haviam falado. Fui atrás dele. Ficava numa distância de, mais ou menos, vinte metros para que não percebesse que o estava seguindo. Suas passadas eram largas e tive que correr em alguns momentos. Enfim, ele parou. Estávamos numa rua praticamente vazia. Fiquei escondido numa das esquinas. Apenas ele, eu e um par de gatos pretos insistíamos em permanecer ali. O silencio reinava. Ele parecia estar esperando alguém. O tempo passava e o meu medo era ainda maior, porém continuava vigilante e determinado a elucidar aquele mistério. Vinte minutos se passaram. Eu já estava desistindo, pois tinha que voltar ao trabalho. Até que uma mulher aparece caminhando em direção àquele senhor sinistro. Não sabia o que fazer. Tentei avisá-la do perigo que ela correria se desse mais alguns passos, quando meu telefone celular tocou. Era meu colega garçom. Atendi rapidamente, torcendo para que o “malfeitor” também não tivesse ouvido.


— Cadê você? O patrão ta louco da vida contigo! — Não posso falar agora. Tchau! 


Tarde demais. O “maníaco” estava na minha frente. Não sabia se eu corria, rezava ou até mesmo se chorava. Minhas pernas tremiam. O coração quase sai pela boca. 


— Você é o cara do bar! Por acaso estava me seguindo? — Eu... Eu... Não! Não! 


Quando pensei que seria retalhado e jogado aos cães, ouvi uma linda voz perguntando:


— Algum problema papai?


Fiquei surpreso.


— Papai? — perguntei.


— Sim! Essa é minha filha e aquela é a minha casa. Eu aguardo a minha Suzana chegar da faculdade aqui todos os dias. Essa rua é muito deserta e com esses boatos de maníaco solto por aí... 


— Por favor, me desculpe! Eu e minha imaginação fértil. Deixei-me levar pelas aparências e achei que o senhor poderia ser esse louco.


— Suma daqui! — disse-me. 


Estava indo embora quando percebi que aquele homem deixara cair algum objeto. Fui pegá-lo. Poderia diminuir meu constrangimento devolvendo-lhe algo que havia perdido, pensei. Só fui saber de que artefato se tratava quando o peguei nas mãos. Uma navalha!

Círculo Vicioso

O círculo vicioso alimentado, de parte à parte, entre políticos e eleitores, destrói qualquer possibilidade de mudanças significativas no at...