quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Texto de João Ubaldo Ribeiro (Leitura obrigatória)




"Precisa-se de Matéria Prima para construir um País"

João Ubaldo Ribeiro

A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve.
E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula.
O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito.
Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre.
Um país onde fazemos  um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente sacaneados!!!
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro. Somos nós os que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa? MEDITE!!



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terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Homem e as Leis.



O homem criou as leis para que a vida em sociedade pudesse ser mais justa e com o mínimo de conflitos. Entendo que a conivência em uma coletividade sem regras, regulamentos ou normas seria praticamente impossível.  Entretanto, não faltam aqueles que se esmeram em encontrar meios de desobedecer qualquer tipo de imposição quanto ao seu comportamento. Por rebeldia, egoísmo, ganância ou por outro motivo qualquer o ser humano se preserva dos seus direitos, porém dá pouca importância aos seus deveres. Para ele tanto faz se a sua conduta vai interferir negativamente ou não na vida do seu semelhante. Tudo para ele parece ser justificável. Pode até parecer, mas não estou generalizando. Contudo, imagino que a maioria se encaixa nesse perfil. As leis são importantes, entretanto devido à sua fragilidade quando da sua elaboração muitas são as brechas encontradas e equívocos podem ocorrer ao serem mal interpretadas. Enfim, temos leis bem feitas, mas que são desrespeitadas e outras tantas, mal feitas, tratadas de acordo à conveniência daqueles que detêm o poder.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Efeito Borboleta



O ser humano age dessa forma: um indivíduo faz algo que não está certo e tem consciência disso, mas ao ser questionado pelos seus atos tenta minimizá-los. Quando consegue e o deixam à vontade, sem recriminá-lo (por acreditarem em sua retórica de que aquilo não seria algo relevante) é passada uma mensagem de normalidade aos demais criando um circulo vicioso. Ou seja, aquele comportamento que deveria ser combatido passará a ser aplicado por todos que se acharem no mesmo direito. Não sei dizer o motivo, mas o errado parece ser mais sedutor. Infelizmente é muito comum ver esse tipo de conduta em nossa sociedade. Quando falamos em ambientes de trabalho, o setor público se destaca nesse aspecto, devido ao alto grau de permissividade em seu meio. Quando pensei em escrever sobre isso me veio à mente o chamado efeito borboleta.
“Efeito borboleta é um termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo”.
Fiz essa analogia por acreditar que por menor que seja a infração cometida e não lhe for dada a importância devida ela poderá gerar consequências desagradáveis no futuro.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Comportamento nas Organizações


O Setor público tem muitas diferenças em relação ao privado. Uma delas diz respeito à sua prestação de contas. Com relação aos processos de despesas estes devem ser encaminhados aos tribunais de contas até o último dia útil do mês subsequente ao seu pagamento. Nota-se, desta forma, que há um intervalo de, no mínimo, trinta dias para que os processos sejam organizados e enviados. O que não pode e nem deve acontecer é se deixar levar por esse prazo e negligenciar os aspectos legais. Antes dos pagamentos ocorrerem os processos devem estar prontos e disponibilizados em tempo hábil para a devida conferência. Ou seja, todos os documentos inerentes devem estar anexos, assim como devem constar todas as assinaturas legalmente exigidas. Além de facilitar o andamento dos trabalhos, as imposições da lei serão atendidas e a necessidade de adequação ou correção de um ou outro detalhe que porventura tenha passado despercebido diminui consideravelmente.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Rachel Sheherazade


É claro que a jornalista Rachel Sheherazade errou quando fez um comentário afirmando como compreensível a atitude de populares ao torturar e prender a um poste um adolescente infrator devido ao aumento da violência e a impotência do estado na tentativa de combatê-la. Errou, não por externar sua indignação com relação à ineficiência dos nossos governantes diante do caos em que vivemos. Isso é fato. Ela pecou por ser uma formadora de opinião e ter a consciência que muitos dos seus telespectadores não têm a capacidade de refletir melhor sobre o que ela disse. Poderia ser repreendida por isso? Creio que sim, mas nunca cerceada no direito de comentar outros fatos e nem ser atribuída à mesma toda e qualquer manifestação de outrem na tentativa de fazer justiça com as próprias mãos, pois isso não passou a ocorrer apenas após o seu pronunciamento. Aproveitaram a oportunidade para calar uma das poucas vozes que ousavam mostrar a mazelas e a enquadrar os responsáveis. Tal fato não é raro.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Ponto de vista.


Num ambiente de trabalho é imprescindível que exista a cooperação entre os funcionários para que o serviço flua de maneira satisfatória. Principalmente quando tratar-se de funções afins. Entretanto, não se pode confundir a união, mais do que necessária, com a formação de “grupinhos” em que há o acobertamento mútuo de erros cometidos pelos seus integrantes ou quando as leis e normas são negligenciadas pelos mesmos com a desculpa de que a obediência aos trâmites atrasaria ou dificultaria a execução dos serviços. O que pode parecer um ato solidário pode vir a ser caracterizado como conluio. As pessoas têm que se responsabilizar pelos seus atos. Não dá para entender porque tem gente que tem a total possibilidade de trabalhar seguindo uma linha onde todos os passos têm uma sequência lógica (inclusive por força de lei), mas preferem o caos administrativo com falta de organização e planejamento e como consequência a maximização da probabilidade de ocorrerem erros, falhas ou fraudes.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Salvo melhor juízo!


Por que a violência no Brasil não para de crescer? Tenho meu ponto de vista ao analisar esse fato. Com toda certeza não é devido ao país ter ficado mais rico como querem apregoar. Todos sabem que a impunidade e a corrupção são grandes vilões nessa história, mas, na prática como é que isso acontece? As leis, muitas vezes, parecem ser elaboradas com algumas doses de ignorância, conveniência ou mesmo por falta de zelo e, por isso, são cheias de brechas. Em virtude disso advogados, inescrupulosos ou não, com um pouco de habilidade e conhecimento dessas lacunas deixadas pelos nossos legisladores têm sucesso na defesa de seus clientes mesmo que, notadamente, culpados. Isso cria outro problema que merece ser comentado. O fato de verdadeiros criminosos serem presos e não permanecerem nessa condição por muito tempo traz uma indignação e, com ela, os excessos cometidos por policiais e até cidadãos comuns que passam a achar que fazer justiça com as próprias mãos é o melhor caminho para que a punição aconteça. A verdade é que a negligência e omissão das autoridades cria um ambiente propício ao desrespeito e à desobediência civil em todos os sentidos. Eu diria que o Estado, em vários aspectos, é permissivo. Parece não querer ou não saber dizer, não! Salvo melhor juízo!

terça-feira, 12 de novembro de 2013

“Funciona (?) lismo” II.


Há servidores públicos que quando são questionados por não cumprirem integralmente seu horário de trabalho se apressam em afirmar que trabalham poucas horas, mas o fazem plenamente (Como se isso justificasse a regalia). Por mais paradoxal que possa parecer, ainda queixam-se de excesso de atividades. Ora, se eles próprios reduzem seu tempo no serviço é claro que terão uma diminuição em sua capacidade para concluir aquilo que lhes compete. Parece-me uma coisa lógica. Adeptos do ditado que a melhor defesa é o ataque tentam colocar em dúvida a eficiência daqueles cumpridores da carga horária. Além de desrespeitar os colegas quem age dessa maneira parece-me ser um oportunista, um mau exemplo de funcionário que pode contaminar toda uma administração. Tal comportamento deveria ser extirpado do funcionalismo público. Privilégios e regalias no serviço público não são raros, infelizmente. Há quem ache que por ser público tem que ser bagunçado e cada um que se defenda como puder. Eu discordo!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

“Funciona (?) lismo”


O serviço público no Brasil parece seguir na ordem inversa. Desorganização e ineficiência são características de boa parte dos órgãos administrados pela união, estados e municípios. É claro que as instituições são constituídas de pessoas e por isso mesmo é de se espantar porque, muitas vezes, não se consegue ser eficiente no serviço público tanto quanto na iniciativa privada. Existe uma diferença de comportamento. Geralmente não se dá o devido valor àquilo que é comum a todos e isso é incompreensível. Acontece que há servidores que não se dão conta de sua importância como também existem aqueles que, pelo contrário, valorizam-se de forma exagerada, demonstrando autossuficiência e se achando com o direito de decidir sua maneira de trabalhar, por quanto tempo vão trabalhar ou mesmo se, eventualmente, irão ou não trabalhar. Não é raro, inclusive, quem cobre um “por fora” para desempenhar as funções pelas quais já é remunerado. Tudo isso em detrimento do que estabelecem as regras e normas da administração pública. Já disseram que não seria apenas no Brasil que isso acontece, aconteceria no mundo inteiro, mas o que nos diferenciaria seria a desfaçatez, só encontrada por essas bandas.

Círculo Vicioso

O círculo vicioso alimentado, de parte à parte, entre políticos e eleitores, destrói qualquer possibilidade de mudanças significativas no at...