Nestes tempos de valores invertidos eu dou a mão à palmatória
e admito estar errado nas minhas convicções. É sério!
Acreditem vocês que eu ainda paro o meu carro diante de um
semáforo com a luz vermelha. Imaginem isso! Fico ali parado enquanto muitos à
minha volta seguem seus caminhos. Sou muito besta não é mesmo? Ainda perco a oportunidade de, quem sabe,
atropelar alguém na faixa de pedestres ou bater o meu carro para enganar o meu
seguro alegando perda total do veículo.
E olha esse absurdo! Sou funcionário público e trabalho as
minhas seis horas regimentais. Não é hilário? Enquanto muitos já aderiram aos
horários alternativos eu continuo insistindo nessa caretice. Para que trabalhar
tanto, não é mesmo? O que se faz em seis horas eu poderia fazer em cinco,
quatro ou até mesmo em três horas de trabalho. Tenho mesmo que evoluir.
Gente, vocês não vão acreditar nessa agora. Sabe aqueles
panfletos que são distribuídos nas ruas? Aqueles com propagandas de todos os
tipos? Eu os recebo, leio e não jogo no chão. É verdade, não riam. Eu coloco no
bolso para achar uma lixeira em algum lugar. Quem já viu isso? Porque que eu
não faço como a maioria e não contribuo para a cidade ficar mais colorida? Fica
tão bonita a cidade cheia de papéis coloridos no chão. Concordam? E tem mais.
Deixo de ajudar na geração de empregos. Ora, para tirar o lixo do chão tem que
ter garis e quanto mais lixo mais vagas para garis existirão. Porque nunca
pensei nisso?
Esses são apenas alguns exemplos de como eu posso melhorar
como ser humano, mas tem um, em particular, que merece a minha maior atenção.
Sabe aquele jeitinho brasileiro? Aquele no sentido pejorativo mesmo? Pois é. Eu tenho que incorporá-lo ao meu dia a dia.
Pra que fazer a coisa certa se eu posso improvisar? Pra que trabalhar
preventivamente? Caso algo não saia de acordo com as expectativas sempre tem um
jeito de contornar as situações adversas. Essa história de ser melhor prevenir
que remediar já era. A onda agora é consertar, corrigir. Essa é a prioridade.
Posso até sair como herói. Já tenho até um nome: “O solucionador”.