terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eduardo e Mônica


Mônica era uma menina muito esperta, bonita, extrovertida e cheia de amor pra dar. Do alto do seu um metro e sessenta e poucos tinha uma personalidade forte e não era de mandar recados. Entretanto, certo dia caiu numa armadilha que até hoje não sabe dizer como deixou que tudo aquilo acontecesse.


Ao interessar-se por um jovem recém-chegado à pequena cidade em que vivia foi vítima de um daqueles acontecimentos inusitados que ao contar ninguém acredita.


Eu a conheci há pouco tempo e logo ficamos amigos. Pouco tempo depois me tornei seu confidente.


Ela dizia:


– Cara, tu não sabe o que me aconteceu?


– O que foi que houve? – perguntei.


– Tem coisas que só parecem acontecer comigo. Conheci um cara, essa semana. Pense num cara deus grego...


– Dá um tempo, né Mônica – retruquei. Tá me estranhando?


– Não cara, na boa. Eu me envolvi com esse menino e no segundo dia as coisas esquentaram e já estava a fim de ficar a sós com ele em algum lugar.


– Sim, e daí?


– Chamei o cara pra aquela casa de praia da minha família, mas ele recusou. Tu acredita? Ele veio com uma conversa que estava sem dinheiro e que arranjaria o local legal pra ficarmos juntos. Mas eu estava tão doida por ele que aceitava qualquer coisa.


– Ta, continue.


– Ficou interessado, hein?


– Você não quis contar? Agora conta tudo!


– Ta bom. Até aí estava tudo lindo, mas meu drama começou assim que ele veio me pegar em casa. O carro da figura parecia mais uma carroça. A cada quilômetro rodado a tal de uma bobina esquentava e ele descia pra jogar agua na tentativa de esfria-la.


Não contive o riso.


– Isso é só o começo. – disse-me – a historia não termina aí. Cara, a gente entrou em cada rua esquisita. Passamos por cada beco escuro, vielas, subidas e descidas que comecei a ficar assustada.


– Porque você não perguntou onde ele estava te levando? – indaguei-a.


- Cara! Eu perguntei sim, mas ele mandou confiar que já estávamos chegando. Eu estava numa mistura de medo, pena do desgraçado e curiosidade. E ele é tão bonitinho, irresistível...


– Pô! Lá vem você de novo.


– Desculpa, desculpa. Mas, voltando ao assunto... Acabamos chegando a um motel. Pense num lugar vagabundo. A situação era tão ridícula que lá não tinha estacionamento. Você deixava o carro no meio da rua e ia andando até a recepção. Apesar de horroroso o rol de entrada estava lotado. Até então não havia percebido, mas além de nós mais cinco casais estavam esperando uma vaga. Tu acredita? Teve distribuição de senha.


Enquanto Mônica contava sua saga eu me estrebuchava de dar risada. Cheguei a “chorar” de tanto rir.


– Eduardo, eu ficava me perguntando por que ainda estava ali. Porque que eu não ia embora. Parecia hipnotizada diante de tanta barbaridade.


– E aí, mulher? – perguntei ainda rindo muito.


– Depois de quarenta e cinco minutos chega a nossa vez. Entramos no quarto e sem dizer uma palavra ele entrou no banheiro, tomou banho, voltou e me jogou na cama...


– E aí, você gostou? – interrompi.


– Eduardo! O cara levantou-se em menos de cinco minutos, pegou a chave do carro e me chamou pra ir embora. Nem um biscoito aquele filho da mãe me ofereceu...


A essa altura eu já estava no chão rolando de tanto rir.


– Ria da desgraça alheia. – Ela me dizia.


– Sim, e o final dessa história?


– Sabe o que foi que o desgraçado ainda me disse?


– O que?


– “O quarto foi vinte conto, tu tem dezinho aí pra me emprestar?”. Ninguém merece!





3 comentários:

  1. Uma cronica dos dias de hoje. Diálogos articulados, legal...

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  2. "E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração / e quem irá dizer que não existe razão?" Belo "conto" Gilvan... adorei o nome dos personagens.

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