quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conto XVI

Sujeira.

Josias era um gari. Seu trabalho era elogiado por todos. Ele gostava de fazer um serviço com capricho e achava que todos deveriam se comportar da mesma maneira. Quando era escalado para varrer uma rua o fazia de maneira impecável. Fazia de tudo para que nada passasse despercebido por sua vassoura.

Ao contrario dele, depois de alguns anos trabalhando juntos, seus colegas passaram a ter uma visão diferente das coisas. O trabalho não fluía mais como antigamente. Influenciados, ninguém sabe por quem, resolveram que ser muito meticuloso na limpeza seria desnecessário. Com isso começaram a suspender os seus afazeres quando lhes era conveniente e, ao limpar as ruas, suas vassouras só encontravam o lixo de maior porte. Pontas de cigarros e outros bagulhos de tamanhos semelhantes eram desconsiderados de maneira premeditada. Esses fatos sobrecarregavam quem fazia questão de cumprir com o seu dever. Como a fiscalização era omissa Josias resolveu questioná-los do por que desse comportamento e obteve a seguinte resposta:

— Lá vem você com seu preciosismo! Fica se apegando a coisas pequenas. O que importa é que o trabalho ta sendo feito e ninguém ta reclamando. Vai me dizer que você faz o trabalho perfeito?

Josias explica que não se trata de perfeição e que o erro faz parte da vida. Sendo assim, é inerente ao ser humano. Uma vez ou outra ele admite que possa vir a deixar uma ou outra ponta de cigarro na rua por não tê-la visto ou mesmo, algum dia, precise sair mais cedo para resolver problemas pessoais. O que ele acha condenável é poder fazer a coisa certa e se optar por não fazê-la por preguiça, falta de zelo ou por simples e burro oportunismo.

Josias ainda insiste dizendo que a busca pela excelência nos serviços deve ser a meta de qualquer trabalhador. Afirma que ninguém deve negligenciar suas atividades e que quando pensamos apenas em nossos interesses particulares podemos estar prejudicando alguém do lado.

— Tentem se colocar no lugar do outro! — aconselha.


terça-feira, 19 de abril de 2011

Até que a morte nos separe.

Falar da morte é complicado. Eu mesmo não gosto. No entanto não temos como fugir dela. Há quem acredite que estamos aqui na Terra de passagem e que a vida eterna nos espera após morrermos. Isso soa meio incoerente, mas trata-se de fé. Existem, também, os adeptos da reencarnação e assim voltaríamos por meio de outros corpos a reviver aqui neste planeta. Toda crença de vida após a morte pode trazer certo conforto, visto que a idéia de falecer causa horror à maioria das pessoas. Inclusive a mim, confesso!

Apesar de não apreciar o assunto, volta e meia esse tipo de pensamento vem à minha cabeça e quando isso acontece tento imaginar a morte como se fosse um sono profundo. Um sono sem sonhos, sem consciência.

A despeito do não ter o que fazer para impedir tão malfadado acontecimento nós continuamos a viver mesmo com dúvidas sobre nossa existência e o porquê deixamos de existir muitas vezes de maneira precoce. Esse é outro fato que nos intriga. Porque pessoas boas morrem muito cedo enquanto verdadeiras bestas humanas permanecem vivas praticando o mal? Mesmo considerando os fatos naturais ou acidentais, os exemplos são inúmeros do quanto somos vítimas de nós mesmos. Vulneráveis a uma violência que parece sair do controle. As tragédias se sucedem e mostram como a vida pode ser extinta de maneira súbita e incompreensível.

Então, vamos viver intensamente, apaixonadamente. Quem sabe assim os bons possam influenciar os maus e a vida siga seu curso, seu ritmo, naturalmente. Até que a morte nos separe.

Lutar é preciso!

     "O certo é o certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é o errado, mesmo que ninguém esteja vendo".      Eu acredito nisso! N...