terça-feira, 17 de novembro de 2009

Conto VII

Descaminhos!

Negro e pobre, Paulinho sofria com o preconceito de outro garoto que o molestava toda vez que ele se dirigia à escola.

– E aí, neguinho? – perguntou Bruno – Ta pensando que vai pra onde?

– Meu nome é Paulo e não está vendo que estou indo à escola?

– Olha só o rapazinho é atrevido! – comentou Bruno aos seus dois amigos que o acompanhavam - Tem medo de morrer não muleque?

– Por favor, me deixa ir embora.

– Não antes de eu te dar um cascudo.

 – Ai! ai! ai!...

Paulinho continuou sua caminhada segurando o choro e passando a mão por sua cabeça enquanto os outros meninos riam sem parar.

 – Ainda mato esse cara! – comenta consigo mesmo.

Paulinho não entendia porque aqueles garotos não gostavam dele apenas por ser negro, pois a maioria de seus amigos era de cor branca e nunca haviam manifestado nenhum tipo de ato discriminatório. Com muita raiva ele repetia o tempo todo:

 – Eu mato aquele cara, eu mato!

O melhor amigo de Paulinho era André, um menino branco de olhos azuis que morava do outro lado da cidade. Percebendo sua angústia ao chegar à escola André perguntou:

– O que houve?

– Nada!

– Como nada, ta aí todo cabisbaixo? Fala comigo!

– Ta bem! Tem uns meninos aí que vem me batendo e me humilhando todo dia no caminho pra escola.

– Como assim? Por quê?

– Eles me chamam de neguinho, deve ser porque sou negro.

– Não leve isso tão a sério, assim como tem gente boa, também tem babacas brancos, negros, verdes, amarelos... Muda seu caminho pra vir à escola.

Paulinho esboçou um sorriso e achou interessante a sugestão de seu amigo.

No outro dia mudou seu caminho como sugeriu o André. De nada adiantou, lá estava o trio, pareciam ter adivinhado a estratégia de sua vítima.

– Neguinho, neguinho... Pensou que iria nos enganar, é? Vem cá!

Sabendo que iria apanhar novamente Paulinho resolveu enfrentá-los. Olhou em volta e viu um caco de vidro perto do seu pé e o pegou apontado-o para o seu algoz.

– Vai me enfrentar neguinho?

Bruno avançou pra cima de Paulinho e os dois rolaram pelo chão por alguns segundos até se ouvir um grito. Bruno foi atingido e sangrava muito. Uma ambulância foi chamada, mas foi inútil. Bruno morreu. Paulinho foi enviado a um reformatório.

Lutar é preciso!

     "O certo é o certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é o errado, mesmo que ninguém esteja vendo".      Eu acredito nisso! N...