terça-feira, 1 de agosto de 2017

Lembranças!

   

Acordei hoje com lembranças de quando eu era “moleque” e frequentava a casa da minha avó no município de Santa Bárbara, na parte alta de um povoado ao qual nos acostumamos a chamar de Candeal Pequeno, nome dado a uma fazenda da região. Era uma casa grande, mas encantadoramente simples. Tinha paredes brancas, portas e janelas de madeira pintadas de azul. Eram três quartos, cozinha, sala e varanda. Até então não era provida de banheiro, não sei se pela falta de recursos e/ou pela falta de água encanada. Havia uma árvore esplendorosa um pouco à frente da casa, do lado esquerdo, onde os animais se escondiam do sol. O vento batia em suas flores vermelhas, derrubando-as ao chão, formando um grande tapete. Na parte de trás da residência existia um tanque com água em abundância proveniente das chuvas que ocorreram com gosto àquela época.

O amanhecer na casa da minha avó era divino. Recordo-me de dormir à noite, depois de longas e interessantes histórias, à luz de candeeiros, contadas por minha avó e meu pai, imaginando o dia seguinte. Como havia dito antes a casa ficava na parte mais alta do povoado, isolada. Logo muito cedo, ao despertar, eu e meus irmãos corríamos para a varanda, sentávamos num banco grande de madeira e, encantados, ouvíamos o cantar dos pássaros. Ficávamos em silêncio, admirando o som da natureza. Nas primeiras horas da manhã uma neblina sempre cobria toda a extensão da propriedade e não dava para enxergar nada a mais de dez metros de distância. Antes que percebêssemos a chegada de algum visitante os cachorros começavam a latir. Só mais tarde conseguíamos ouvir as passadas de cavalos. Geralmente era um de meus tios trazendo o leite. Em meio à neblina ouvia-se o ranger da porteira (lá, chamavam-na de cansela) ao se abrir.

Logo, a refeição matinal estava pronta. Ainda sinto o cheiro do café que minha avó preparava num forno a lenha. Uma delícia! Café, leite (tirado da vaca, logo cedo), batata, pão, inhame, bolos. Tudo muito natural e delicioso. Todo esse banquete era servido numa mesa de madeira, muito grande. Os bancos eram iguais ao da varanda, cabiam de quatro a cinco pessoas em cada um deles, assim como algumas galinhas que, teimosamente, insistiam em querer compartilhar da nossa comida. Vivia-se de uma forma modesta, mas havia sentimento, acolhimento. Muitas saudades daqueles tempos!






Um comentário:

  1. Viajei pra Baixa Grande, mais precisamente, Fazendas Mandacaru e São José, casas dos meus avós! Parabéns pelo belo texto!

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