quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Conto IV

Trapalhadas de Um Pato!


Uma fazenda no norte do Piauí era repleta de animais. Tinha galos, galinhas, perus, coelhos, patos e um lindo pavão. Como era o único da espécie o pavão era tratado como um rei, tanto pelo dono da fazenda, como pelos outros bichos. Mas um pato ciumento e invejoso vivia reclamando do tratamento de majestade dado àquela ave: 


– Ô Dona Carijó o que a senhora acha daquele metido?


– Metido? Quem é o metido “Seu” Pato? – Perguntou a galinha mais bonita do terreiro. 


– O pavão, quem mais seria? – Sou mais a senhora, a senhora sim é uma ave de primeira. 


– Ih! O que foi que deu no senhor? Ta me paquerando? Ai se meu galo ouve isso... 


– Não é nada disso! Só “tô” dizendo que senhora merece mais regalias do que aquele pavão exibido. 


 A galinha sabia da fama do pato e nem ligou para as conversas dele, saiu ciscando como se nada tivesse acontecido.


– “Ninguém me escuta”! – pensou o pato. 


Certo dia o pato resolveu aprontar uma pra cima do pavão que nada fizera para merecer tamanho ódio. O “bicudo” começou a espalhar pela fazenda que o pavão estava dando em cima da D. Carijó. Dizia aos quatro ventos, para todo mundo ouvir:


– Vocês viram que pouca vergonha? Aquele assanhado ta arrastando o rabo pra D. Carijó, alguém precisa contar pro galo o que ta acontecendo.


– Deixa disso “Seu” pato! – alertou o coelho – Nessas coisas a gente não se mete.


– Mas o galo precisa saber – reafirmou o pato. 


O galo que ia passando pelo terreiro, ouviu a conversa e perguntou com cara de poucos amigos:


– Do que é mesmo que eu preciso ficar sabendo? 


O pato ainda pensou em desistir da armação e tentou mudar de assunto, mas o galo insistiu no questionamento:


– Então “seu” pato, “tô” aguardando! 


– É aquele pavão, ele ta dando em cima da D. Carijó!


– Como é que é?

O galo saiu a procura do pavão com toda fúria. Atravessou o terreiro por cima de tudo e de todos. Estava cego de raiva. Ao encontrar o seu mais novo desafeto, gritou em alto e bom som: 


- Nesse terreiro quem manda sou eu! – Quem o senhor pensa que é pra dar em cima da minha esposa?


– Para tudo! Que galo é esse? Que ser viril! “Tô” chocada! – disse o pavão.


O pato acabou perdendo as penas.

Conto III

Mãe Coruja!

– Antes mesmo de entrar na mata já ouvíamos os pássaros cantando. Era canto de todo tipo, para todos os gostos. Ficávamos horas e horas ouvindo aquela sinfonia.- dizia o velho Manuel para o seu neto. – Hoje isso não existe mais e parte disso é culpa minha!

– Porque vovô?

– Lá em casa a comida era pouca e um pedacinho de carne a mais era de grande valia.

Manuel continuava a falar sobre o tempo em que era jovem e os motivos que o levaram a sacrificar as aves que ali, também viviam. O garoto, atento a tudo que o ancião contava, queria saber mais:

– E aí vovô, conta mais...

– Está bem, eu vou te contar!

– Eu tinha mais ou menos a sua idade quando matei meu primeiro passarinho. Na hora senti pena. Mas fui convencido pelos amigos que aquele bichinho aliviaria a nossa fome. Depois desse dia não tive mais remorsos. Saia com meu “badogue” e voltava com a sacola cheia.

– Coitadinhos! – retrucou o neto – Quantos o senhor matou vovô?

 – Eu perdi as contas. Foram muitos. Não conseguiria lembrar, pois foi assim por muito tempo. Só não fui capaz de esquecer o dia em que deixei de matá-los.

– E quando foi isso?

– Havia dez anos desde a primeira ave abatida e a quantidade naquela região já não era mais a mesma. Mesmo assim eu continuava a caçá-las. Num belo dia, acordei cedo e saí pela mata. Após um longo período de caminhada ouvi um barulho. Parecia coisa grande.

– Vai vovô, fala! O que era?

– Era uma coruja, meu neto. Pousou bem perto de mim. Ela era linda! Imponente!

– E o senhor, “matou ela”? Pergunta o menino com uma voz de tristeza.

– Eu peguei minha espingarda – o badogue já havia aposentado – e mirei. Ela não se mexeu. Seus olhos fixaram-se aos meus como se pedissem clemência. Ficamos ambos, imóveis. O tempo passava e nem eu, nem ela, esboçávamos qualquer reação. Tomei a decisão fatal e atirei.

Com uma lágrima escorrendo sobre sua face o garoto perguntou:

– E ela morreu?

– Morreu sim. E para minha surpresa, quando eu fui pegá-la, vi o motivo pelo qual ela não se mexera antes que eu atirasse. No galho da árvore onde ela estava existia um ninho com três corujinhas suplicando por comida. Desde esse dia nunca mais cacei.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Conto II

Um Sorriso!

Pés descalços, roupas sujas, sem um banho decente há mais de dois dias. Esse sou eu! O retrato do abandono, do desencanto, de uma vida cheia de dificuldades e erros por mim cometidos. Essa calçada fria virou minha cama e meu abrigo, com a ajuda de pedaços de papelão, jornais e algumas revistas.

 Um dia desses, vendo-me nesse estado, uma moça, de rosto angelical e olhar meigo, pergunta-me:

– Moço, quem é o senhor? Porque está nessas condições?

– Foi a vida! - respondi.

 – O senhor tem família? De onde o senhor é?

– Olha moça eu vim do nordeste, já nem sei quanto tempo faz. Da minha família eu não sei mais, não.

De repente a mulher saiu de perto de mim. Pensei:

– “Tá vendo, não aguentou meu cheiro e foi embora, na verdade nem sei por que ela parou aqui”.

 Para minha surpresa a moça volta com um pedaço de pão e um copo de suco. Meus olhos cresceram. Não acreditava. Há muito não via tanta comida.

– Tome! - disse a moça!

Sem nenhuma cerimônia peguei a refeição inesperada das mãos daquela “santa” e comi. Parecia um bicho do mato devorando sua caça. Nunca mais havia experimentado pão tão saboroso, ainda mais recheado com presunto, queijo e um ovo, frito. Enquanto comia ficava imaginando quem seria aquela alma bondosa e por que eu fui agraciado com tamanha bondade. Parecia um sonho.

– Também não tenho família na cidade. Disse ela. – Passei muito sufoco, até fome. Eu estava triste, desencantada da vida. Pensei até em suicídio. Mas hoje tenho meu emprego e as coisas melhoraram. Tudo graças a uma pessoa que me ajudou na hora certa. Esse anjo da guarda pediu só uma coisa em troca.

– O que? - eu perguntei.

Com uma voz suave ela relatou o pedido feito pelo seu benfeitor:

– Busque nas outras pessoas, ao menos, um sorriso! 
 
E eu sorri!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Conto I

Dá linha!

– Dá linha, dá linha! Isso Tião, dá mais linha! - gritavam os moleques da rua.

As arraias e pipas coloriam o céu. Era um festival de beleza e habilidade. Linhas temperadas, moleques rindo à toa com a brincadeira preferida da região. O mais forte cortava a linha do outro. Uma verdadeira competição onde a regra era não ter regra. Ganhava aquele que continuasse com a pipa no ar no final do dia. Sebastião era bom no que fazia, todos tinham inveja da sua categoria com uma pipa. Sua mãe, no entanto, não sabia mais o que fazer para convencê-lo a ir à escola.

– Ô Tião! Larga disso menino, ta na hora de ir estudar!

– Já vai minha mãe, tô indo!

Sebastião parecia enfeitiçado. Nada o fazia sair dali. Nem por decreto. Ele tinha que ser o vitorioso. Sentia-se importante empinando uma pipa. Era o rei do pedaço. A escola para ele era só um passatempo e estava em segundo plano. Mas um dia o professor de português pediu para que a turma escrevesse uma redação sobre a vida de cada um de seus alunos. Todos falariam sobre si. O que mais gostavam de fazer. E Tião, como era apelidado pela família e amigos, não perdeu tempo. Assim que chegou a sua casa começou a escrever.

– Ta fazendo o que Tião? - perguntou a mãe.

– O dever de casa minha mãe. Tô passando pro papel o meu prazer de empinar pipa. O professor pediu.

– Ele pediu isso?

– Ele pediu pra escrever sobre o que a gente gosta mais de fazer. Como eu gosto de empinar pipa...

– Ta bom, menino! Ta bom! – esbravejou sua mãe.

“Ainda bem que largou aquela pipa, mesmo que seja pra falar dela no papel”. – Pensou a mãe.

Sebastião passou o dia escrevendo sua redação. Nem se lembrou de sua pipa, encostada num canto do quarto. Afinal, a redação era para ser entregue no dia seguinte.

– Tchau mãe!

Sebastião despede-se de sua mãe. Era dia da apresentação. Todo orgulhoso, ele foi imaginando como seria a aula.

Pronto! Havia chegado a sua vez! Temperou a garganta e começou a ler. Contou como se sentia feliz ao ver uma pipa no céu. Dizia parecer sonhar. Colocava-se no lugar do objeto de papel e talas de madeira, como se fosse um piloto de avião, planando pelo ar. Sua leitura dura cerca de dez minutos, mas emociona ao professor e a todos os seus colegas da turma, sendo aplaudido de pé. E então, Tião descobre que possui mais um talento.

Questão de Soberania!

Já tem muita gente criticando Lula pela compra de helicópteros, submarinos e aviões da França. Eu critico o governo do PT por muitas coisas, mas essa não seria uma delas. A não ser que em lugar dos Caças viessem "carCAÇAS" ou se houvesse outro fornecedor com menor preço. Não critico a compra porque assim como todos queremos e reivindicamos uma polícia bem equipada, bem aparelhada para enfrentar os bandidos em nossas cidades, o país também precisa de proteção para possíveis ameaças externas. Da mesma forma que tem muita gente ruim aqui dentro, outros tantos existem lá fora. É questão de soberania!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Viva as Utopias!

Triste daquele que não sonha. Sonhar dormindo ou acordado. A vida real tem que ser vivida, mas um pouco de utopia não faz mal a ninguém. Pelo contrário. Acreditar que seus sonhos podem se realizar faz bem. Já imaginaram se todos que um dia sonharam em fazer coisas inimagináveis, à época, desistissem? Quanta coisa boa não existiria hoje, não é mesmo? Por isso que eu continuo a sonhar com um mundo melhor. Com um Brasil melhor, por consequência. Sonhar que a educação vire prioridade no nosso país, assim como a saúde e a segurança. Será que é pedir muito? Sonhar com um mundo sem fronteiras, como dizia um certo John Lennon. Com o fim da poluição, com o amor universal, com a paz mundial, Sonhar, simplesmente, sonhar!

Lutar é preciso!

     "O certo é o certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é o errado, mesmo que ninguém esteja vendo".      Eu acredito nisso! N...