quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conto XIV

Noite Sombria 


Uma neblina intensa cobria a cidade. Ninguém em sã consciência deveria andar por aquelas ruas. Havia boatos de que um maníaco atacava as pessoas com uma navalha. Entretanto o dever me chamava. Trabalhava como garçom numa casa noturna e não tinha muita escolha.


Naquela noite passei por uma experiência incrível e perigosa. Estava servindo às mesas quando um homem muito estranho entrou no bar. Ele era muito alto. Deveria ter quase dois metros. Vestia-se de preto. Fui servi-lo. 


— Pois não, senhor! Em que posso... — Traga-me um conhaque — interrompeu-me bruscamente. 


— É claro, só um instante. — respondi. 


Fui pegar sua bebida, mas não antes de perceber uma tatuagem em sua mão direita. Era uma caveira com flores ao redor. Aquilo me deu calafrios. O bar estava cheio, contudo aquela figura chamava a atenção. Ele não demorou muito. Saiu logo após tomar seu terceiro drinque. Foi aí que cometi meu grande erro do dia. Resolvi segui-lo. 


— Aonde você pensa que vai? — perguntou o meu colega. — Agüenta as pontas aí, eu já volto! 


Imaginei, naquele individuo, a figura do tal maníaco que haviam falado. Fui atrás dele. Ficava numa distância de, mais ou menos, vinte metros para que não percebesse que o estava seguindo. Suas passadas eram largas e tive que correr em alguns momentos. Enfim, ele parou. Estávamos numa rua praticamente vazia. Fiquei escondido numa das esquinas. Apenas ele, eu e um par de gatos pretos insistíamos em permanecer ali. O silencio reinava. Ele parecia estar esperando alguém. O tempo passava e o meu medo era ainda maior, porém continuava vigilante e determinado a elucidar aquele mistério. Vinte minutos se passaram. Eu já estava desistindo, pois tinha que voltar ao trabalho. Até que uma mulher aparece caminhando em direção àquele senhor sinistro. Não sabia o que fazer. Tentei avisá-la do perigo que ela correria se desse mais alguns passos, quando meu telefone celular tocou. Era meu colega garçom. Atendi rapidamente, torcendo para que o “malfeitor” também não tivesse ouvido.


— Cadê você? O patrão ta louco da vida contigo! — Não posso falar agora. Tchau! 


Tarde demais. O “maníaco” estava na minha frente. Não sabia se eu corria, rezava ou até mesmo se chorava. Minhas pernas tremiam. O coração quase sai pela boca. 


— Você é o cara do bar! Por acaso estava me seguindo? — Eu... Eu... Não! Não! 


Quando pensei que seria retalhado e jogado aos cães, ouvi uma linda voz perguntando:


— Algum problema papai?


Fiquei surpreso.


— Papai? — perguntei.


— Sim! Essa é minha filha e aquela é a minha casa. Eu aguardo a minha Suzana chegar da faculdade aqui todos os dias. Essa rua é muito deserta e com esses boatos de maníaco solto por aí... 


— Por favor, me desculpe! Eu e minha imaginação fértil. Deixei-me levar pelas aparências e achei que o senhor poderia ser esse louco.


— Suma daqui! — disse-me. 


Estava indo embora quando percebi que aquele homem deixara cair algum objeto. Fui pegá-lo. Poderia diminuir meu constrangimento devolvendo-lhe algo que havia perdido, pensei. Só fui saber de que artefato se tratava quando o peguei nas mãos. Uma navalha!

3 comentários:

  1. OLÁ NAMORADUUUUUU

    Ás vezes nos pega olhando para o comportamento alheio e, sem mais nem menos, emitimos nossa opinião e julgamento. O julgamento nos afasta das pessoas, sem menos percebermos, passamos a ser vítimas até em pensamentos.
    Entendo a reação do garçom e a preocupação dele de proteger os outros, mas ele nem sabia do que se tratava,só soube de comentários pela população.Não achei certo não, ele deveria ter acionado a polícia e dado um sinal de alerta,com suspeita de alguém armado na cidade ou no local,seguir o rapaz não daria em nada,se fosse um assaltante ou seje lá quem for.... e se fizesse algo com ele ia ai como ficaria a situação.Contudo isso é que não devemos julgar as pessoas pela aparencia ou pela forma de se vestir,os piores malfeitores são aqueles que estão tão bem vestidos e perto de nós mesmos e não enxergamos(OBS:NÃO TEMOS ESSE DIREITO DE JULGAR NINGUÉM SÓ DEUS).AMOR GOSTEI DO CONTO,BJS.

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  2. Final interessante Gilvan.

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  3. Fiquei tenso ao ler, principalmente quando o telefone tocou... isso são horas de telefone tocar!!!! PQP!!! Parabéns excelente conto.

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