quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Conto VIII

Sentimento!

Maura estava feliz da vida! Enfim havia conseguido engravidar depois de inúmeras tentativas e de um tratamento especial. Ao saber da notícia, após ter feito um teste daqueles comprados em farmácias, ligou para sua melhor amiga:

– Eu vou ter um filho! Eu vou ter um filho!

– Que legal Maura! – disse sua amiga Jenifer – Lembre-se de fazer todos os exames!

– É claro, amiga! Eu sei disso.

A felicidade era tanta que Maura nem esperou o marido voltar pra casa. Foi ao seu trabalho contar a novidade.

– Querido eu tenho uma coisa pra te contar!

– Fala amor, o que foi que houve?

– Sabe uma coisa que a gente queria muito que acontecesse, mas tava demorando demais?

– Você quer dizer que... É sério? Vamos ter um filho?

Maura acenou que sim com a cabeça e com um sorriso largo no rosto. Os dois pularam de alegria e depois de muitos beijos e abraços Henrique perguntou:

– Como você soube? Não me disse que iria ao médico.

– Eu não fui! – respondeu Maura – Fiz um teste daqueles testes de farmácia, mas eu já estava desconfiada devido aos enjôos.

– Temos que ir ao médico, Maura!

– Eu sei meu amor, a Jenifer disse a mesma coisa. Nós vamos amanhã mesmo, está bem?

– Ok! Vou pedir uma folga na Repartição.

No outro dia foram ao médico que solicitou alguns exames. Após uma semana Maura retornou sozinha à clínica para saber os resultados.

– Olá doutor!

– Como vai Dona Maura? Sente-se, por favor! A gente precisa conversar um pouco.

– Algum problema doutor?

– Dona Maura, depois de analisar os exames eu sinto em dizer que seu filho nascerá com a Síndrome de Down!

– Como é? O que o senhor disse?

– Essa doença... – o médico tentava explicar quando foi interrompido.

– Eu sei o que é essa doença doutor! – esbravejou Maura aos prantos – O senhor está errado, não pode ser! Não pode ser!

– Dona Maura, se essa criança tiver amor e carinho, um tratamento precoce e um esforço maior em sua educação ela será quase tão normal quanto qualquer outra.

Maura saiu atordoada da clínica. Desorientada, saiu pelas ruas tentando entender o que estava acontecendo.

– “Eu terei um filho retardado!” – pensou.

Vendo a angústia no semblante de Maura, uma mulher de boa aparência pergunta-lhe:

– Com licença! Posso te ajudar? Parece estar com problemas.

– Problemas, eu? Imagina! Eu estou ótima! Sempre quis ter um filho e agora que consegui engravidar descubro que ele nascerá retardado. Eu não tenho problema nenhum! – ironizou. – Quem é você? Eu nem te conheço!

– É verdade! Mas saiba que sei muito bem o que está sentindo.

– Como pode saber? – indagou Maura. – Tem um filho com Síndrome de Down?

– Não, mas tenho um filho que tem AIDS! – retrucou – Soube que ele nasceria com a doença logo cedo, nos primeiros exames. Foi aí que soube que eu estava contaminada também. Chorei muito. Culpei-me, pois fui eu quem compartilhou seringas por conta do vício. Pensei até em fazer um aborto.

– E por que não fez?

– Eu não sei! Desisti na porta da clínica onde tiraria o bebê. Um sentimento de mãe tomou conta de mim e não me arrependo por ter mudado de idéia. Hoje, apesar da doença, meu filho é uma criança linda que me dá muito orgulho. Sou feliz! Vivo intensamente cada momento da minha vida ou o que resta dela com o meu filho.

Ao ouvir o depoimento daquela desconhecida, Maura refletiu bastante, enxugou as lágrimas e chegou à conclusão que não adiantaria nada se lamentar. Voltou para casa e contou tudo ao seu marido. Oito meses depois eu nasci! Tenho minhas limitações, é verdade, mas sou um garoto feliz. Tenho uma família que me ama e me respeita do jeito que eu sou.

Um comentário:

  1. É importante frisar que um ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e esforços integrados de educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento desta criança.

    Embora as pessoas com síndrome de Down tenham características físicas específicas, geralmente elas têm mais semelhanças do que diferenças com a população em geral. As características físicas são importantes para o médico fazer o diagnóstico clínico; Nem sempre a criança com síndrome de Down apresenta todas as características; algumas podem ter somente umas poucas, enquanto outras podem mostrar a maioria dos sinais da síndrome.Pois a grande preoculpação desta mãe era ter um filho diferente de todos os outros,não sei se ela pensava que haveria criticas por parte de outros ,por ter um filho completamente diferente.

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